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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Algema neles!

Políticos têm aguçado dom para desviar do assunto. Políticos corruptos, muito mais. Veja alguns exemplos.

O jornalista pergunta como ele enriqueceu da noite para o dia, e ele responde que é temente a Deus. O jornalista pergunta por que ele colocou um imóvel em nome de laranja, e ele responde que é um homem de família. O jornalista pergunta por que a filha foi nomeada sem concurso, e ele responde que ela é a moça mais inteligente, competente e honesta da cidade.

Assim o político corrupto deixa de explicar o que realmente interessa: o seu enriquecimento repentino, o uso de laranjas e o nepotismo.

Fenômeno semelhante se repete sempre que a Polícia Federal prende corruptos nas altas esferas – em  Brasília – ou em qualquer lugar. Eles deixam de lado a discussão que interessa e querem discutir se a Polícia Federal abusou ou não ao algemar os presos.

Então vamos aos fatos:quando um político é preso, a discussão que interessa à sociedade é saber por que os corruptos continuam em posição de destaque no governo e por que o dinheiro público continua sendo desviado.

Se assim é (e é!) então por que tanto barulho em torno do uso de algemas? Para distrair, para mudar de assunto. Para que seja esquecido o crime que interessa combater.


Em vista da intensidade e generalidade da corrupção no Brasil, mesmo se aqui e ali houver algum abuso no uso de algemas, essa questão continuará secundária e em hipótese alguma pode ganhar as luzes mais fortes dos holofotes.

Além disso, algemar ou não deve ser sempre ato discricionário do policial que efetua a prisão. Ele, e somente ele, está em condições de saber se as algemas são ou não necessárias. Digo mais: como regra, ele deverá algemar. Não algemar é exceção a ser aplicada com parcimônia e discernimento. Exceção que deve ficar reservada somente a casos de extrema debilidade do preso, seja por idade, seja por doença. Ou então para quando – por absoluta deficiência física – o preso não tenha meios de atacar, fugir, ou criar embaraços para a ação policial.
Nesses casos – e somente neles – o policial poderá  (se assim entender) dispensar as algemas.

Em terceiro lugar, é preciso que os políticos (e parte da imprensa) acabem com essa hipocrisia de lançar pedras na Polícia Federal quando ela algema lobistas e políticos corruptos. Ninguém jamais os ouviu criticarem a polícia quando ela algema e expõe pretos, pobres e putas. Principalmente as polícias civis e militares desse país afora que praticam abusos constantes.

Nessas horas, onde estão esses políticos de Brasília, defensores da dignidade dos presos?

O Poder Executivo da União, de todos os Estados e de todos os Municípios deixam que se amontoem dezenas de presos num cubículo onde só cabe um. Deixam que lhes faltem todos os tipos de necessidades da vida. Obrigam-nos a frequentar uma escola de crimes.

Por que os políticos não saem em defesa desses presos?

Entre eles há muito mais inocentes do que nos gabinetes de Brasília. Sem contar que, mesmo entre os culpados, muitos não passam de ladrões de galinha, lata de sardinha e pão amanhecido. Mas os ladrões de Brasília são culpados de terem roubado muitos milhões de reais da saúde, da educação, do esporte, do transporte.

Portanto, se a polícia tiver que poupar alguém das algemas, que sejam os pobres, os pretos e as putas. Quanto ao políticos de Brasília, algema neles! É o mínimo que a Polícia Federal pode fazer para ajudar o brasileiro roubado a recuperar sua dignidade.

Enquanto isso não acontece, a imprensa deveria aprender a não ser pautada pelos políticos. Quando um corrupto é preso por desviar milhões de reais, o assunto que interessa é o desvio do dinheiro, não é se ele foi algemado ou não.

Se os lobistas, burocratas e políticos presos são culpados ou não, isso a Justiça decidirá. Mas enquanto forem presos, devem ser conduzidos segundo uma das regras de ouro de todas as polícias do mundo: algemados. Portanto, algema neles, PF!



Um comentário:

Sérgio Borges disse...

http://ondeoventofazacurvalagoinha.blogspot.com/2011/10/como-fazer-uma-faxina.html#links

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