

Eles são mesmo contumazes na corrupção, monstruosos, desprovidos de sentimento, animais sem alma. Nem lhes dói quando alguém morre por falta de atendimento médico, na porta de um hospital, ou de fome e frio, na noite a céu aberto. São mil vezes piores e mais desprovidos de ética que Abel Magwitch, personagem de Grandes Esperanças, obra de Charles Dickens. Magwitch doou a fortuna para fazer nobre e honrado o garoto Pip, que lhe ajudara a fugir da forca, rompendo com uma lima as correntes que lhe prendiam as pernas. Os ratos muristocráticos, ao contrário, deixam sem escolas milhões de crianças, em razão de seus atos. Sustentam-se na injustiça, na pilhagem, no confisco, na mentira, na perversidade. Para eles a dignidade dos governantes não está em governar homens livres, ricos, felizes, mas reinar sobre miseráveis, tolos, ignorantes, analfabetos. Os bandidos do Tesouro em nada se assemelham ao personagem Raskolnikov, do Dostoiévski, que assassinou as velhas porque grandes homens , generais, imperadores, também eram criminosos, também matavam inocentes. Os assaltantes do dinheiro público jamais terão a grandeza de Jean Valjean, ladrão humano, honrado, forjado na inteligência de Victor Hugo, injustamente condenado as galés por ter roubado um pão. Eles não tem limites. Enquanto toda a sorte de miséria acontecem às suas vítimas, cobre-se de diamantes e se consideram pequenos deuses. Arrogantes que são, não conhecem a alegria que tem o espírito na contemplação da verdade, da honradez, da justiça, das coisas simples. Eles se comprazem na ladroagem, na riqueza fácil, no estelionato político. Riem do homem pobre, honesto, que trabalha até 14 horas por dia para levar cidadania e dignidade à família. Os muristocratas brasileiros, por pertencerem a elite política, incentivam outros criminosos, os não blindados, na medida em que lhes servem de espelho.
Contribuem assim para o aumento da criminalidade e da insegurança. Que fazer diante de tanta covardia? Como combater esses inimigos da nação? Como salvar as vidas dos que estão a morrer por suas culpas? Como tornar respeitáveis as instituições públicas, se os ratos continuam fortes, desvairados, epidêmicos? Para livrar o País dos corruptos, faz-se necessária uma revolução ética, moral e cultural. Faz-se necessário o povo na rua, pacífico, ordenado, consciente, protestando, exigindo punição para a imensa legião de malfeitores. Faz-se necessário o engamento de todos os homens de bem, empresários, trabalhadores, sacerdotes, pastores, estudantes e, sobretudo dos miseráveis, desafortunados e injustiçados. Acorda povo brasileiro, as aves de rapina despertam cedo.
(*) - advogado e escritor revoltado com a roubalheira no Brasil
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