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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Instituição americana reconhece que exames de próstata e de mama são de pouca valia

Há um enorme exagero nos efeitos benéficos da mamografia de varredura. São particularmente inócuos em mulheres com menos de 50 anos e com mais de 60. Somente na estreita faixa entre 50 e 60 são comprovados resultados positivos.

Apesar disso, todos os governos têm dificuldade em diminuir os exames, pois os médicos mastologistas e a indústria farmacêutica conseguiram incutir na cabeça das mulheres que não só salva, como "previne" o câncer. Isso, a despeito da obviedade de que mamografia não tem efeito preventivo. No máximo, ajuda na detecção precoce.
Quanto ao resultado dessa detecção, há uma ironia: as mulheres que sobreviverão, sobreviverão com ou sem detecção. As que vão morrer, também. A despeito disso, o governo americano gasta US$ 5 bilhões por ano em mamografias inúteis. Dinheiro que poderia ser usado em áreas que a prevenção e a cura teriam melhores resultados.

A mesma coisa acontece com relação ao câncer de próstata. De há muito os estudiosos sabem que o teste de PSA e mesmo a biópsia não melhoraram as chances dos homens que sofrem dessa doença. Ao contrário, os resultados do PSA costumam desencadear uma série de ações que acabam piorando a vida daquele que se submete ao teste. Até recentemente, porém, só alguns médicos independentes tinham coragem de dizer isso. Desde a semana passada, porém, a coisa mudou. Um grupo de estudo do governo americano divulgou que os homens não devem se submeter aos exames anuais de PSA. Não só não há benefícios, como há grandes riscos de piorar a situação do paciente.

A propósito desses dois assuntos, vale a pena ler essa matéria jornalística publicada no New York Times de 24 de outubro (câncer de mama e mamografia - clique aqui) e 11 de outubro de 2001 (PSA e outros exames de detecção de câncer de próstata - clique aqui).

O artigo sobre o PSA tem uma adaptação em português. Clique aqui para lê-la.

A questão da crença exagerada em exames desnecessários, inúteis e até perigosos é um problema enorme para a saúde pública. No Brasil o SUS gasta rios de dinheiro com eles, enquanto pacientes morrem à míngua dos recursos mais básicos e necessários.  Entretanto, a pressão da indústria farmacêutica é grande o suficiente para amedrontar o governo e colocar os médicos em suas mãos. Hoje se sabe que muitas vezes quando o médico se recusa a pedir determinado exame, o paciente reclama e se sente mal atendido.

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