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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cambalacho no processo seletivo da prefeitura

O processo seletivo que está em andamento na prefeitura tem muito de cambalacho. É uma forma de transferir dinheiro do concursando para o bolso de alguns. É também uma forma de empregar protegidos no município. Os principais pontos questionáveis são os seguintes: a) número não especificado de vagas; b) número reduzido de questões; c) falta de publicidade adequada; d) modificações de última hora; e) manobra para não conceder a isenção a que alguns teriam direito; f) especificação direcionada de funções, g) empregos (funções) que não deveriam existir na prefeitura.

Número não especificado de vagas

A pretexto de se tratar apenas de formação de "cadastro de reserva", o edital não especifica o número de vagas. Isto facilita diversos tipos de trambiques. O primeiro deles é coletar dinheiro de inscrição de pessoas que jamais serão chamadas. Imagine, por exemplo, o cargo de "borracheiro". Ninguém sabe quantas vagas são. Digamos que não haja nenhuma. Aparecem 10 candidatos. Eles pagam sua inscrição de R$ 28,28 e a empresa embolsa R$ 228,80. Agora repita-se o processo para os mais variados cargos.

Na forma como o edital está feito, o Município não precisa convocar ninguém. O cambalacho está feito.

Número reduzido de questões

O número reduzido de questões, de um alado, barateia e simplifica enormemente o concurso. Como tudo que a empresa economiza vai para o bolso dela, isto interessa muito a ela. Entretanto, não interessa nem ao Município nem ao concursando.

O número reduzido de questões facilita a fraude. É muito mais fácil transmitir fraudulentamente um gabarito com dez respostas do que outro com cinquenta respostas.

Também é mais fácìl indicar para os protegidos os tópicos específicos que cairão na prova.

Falta de publicidade adequada

Com atraso, e depois de muitos protestos meus e do Ministério Publico, a empresa aumentou a publicidade. Entretanto, entendo que não é suficiente. Para o caso de médico, por exemplo, seria necessário colocar a publicidade em jornais de grande circulação pelo menos estadual. Talvez mesmo nacional. Bom Despacho tem tido muita dificuldade com médicos de determinadas especialidades. Pediatria, por exemplo. Fazer publicidade só aqui não vai adiantar nada.

Mas o pior problema não está aí.

Nos dois primeiros dias o edital foi "divulgado" à sorrelfa. Isto é, foi colocada na página da empresa AMN (www.amnltda.com.br) e também colado numa parede escondida da prefeitura.

Quem ficou sabendo que essa "publicidade" estava acontecendo? Só os protegidos que foram informados ao pé do ouvido.

Por que isso?

Porque no dia seguinte (17/11) expirava o prazo para os pedidos de isenção de taxa e também para a postagem dos títulos!

Por esses dois motivos o edital só foi colocado na página da prefeitura no final do dia 17. Ademais, a primeira publicidade em jornal só foi feita no final de semana seguinte. No rádio, só na semana seguinte.

Portanto, somente aqueles que foram previamente AVISADOS AO PÉ DE OUVIDO puderam se beneficiar da gratuidade.

Modificações de última hora

Um edital chamado de "complementar" datado do dia 23/11, reabriu os prazos de isenção para os dias 24 e 25/11. De novo, em cima do laço, sem divulgação.

Além disso, no dia 25 — portanto já vencido o segundo prazo — houve alterações e acréscimos que influenciavam a decisão dos candidatos. Mas se alguém decidiu se inscrever após as alterações, já não poderia mais se beneficiar da isenção.

Especificação direcionada de funções

O exame para a contratação de artesão é uma farsa. A começar pelo fato de que as exigências nada têm a ver com experiência em artesanato, mas tão-só formação em pedagogia. Portanto, até o nome da função é falso.

Sempre lembrando que esse cargo já foi objeto de fraude no processo seletivo anterior.

Empregos (funções) que não deveriam existir na prefeitura

No concurso passado houve eletricistas aprovados. Entretanto, nenhum foi nomeado. A prefeitura alegava que não precisava deles. Agora está selecionando eletricistas sob alegação de necessidade temporária.

Outro caso é o de borracheiro. Como contratar borracheiro para necessidade temporária?

Em primeiro lugar, a prefeitura não deveria ter borracheiro. Isto é burrice administrativa. O que ela deveria fazer é contratar uma borracharia para prestar os serviços. Em segundo lugar, o que está acontecendo AGORA ou vai acontecer dentro de algum tempo, que exige um borracheiro TEMPORÁRIO?

É bom lembrar que só se pode contratar pelo PSS (Processo Seletivo Simplificado) em decorrência de "necessidade temporária de excepcional interesse público".

Onde o borracheiro se enquadra nisso? E o eletricista?  E a secretária escolar? ...

Esse processo seletivo é um cambalacho para dar dinheiro para alguns alguns, empregar outros e enganar a maioria.

3 comentários:

Unknown disse...

Parabéns, Fernando, uma vez mais!
Parece que vão repetir o acontecido no "Concurso de Moema", que até hoje não houve e não ressarciram os concurseiros...
Mais uma para garantir um Natal escandalosamente "iluminado" da prefeitura!
Aproveito para lhe pedir uma "olhada" no tal Projeto Jovem...
Abraços, sucesso sempre!
Cristina A Campos

Durock disse...

Só do site do concurso não gerar a boleta da inscrição já parece meio suspeito... Hj em dia, qualquer calouro de sistemas sabe como fazer um site gerar a boleta.É uma garantia do concursando e da empresa q organiza... mas parece q aki em BD isso é um luxo dispensável... é só depositar na conta do Bradesco... e não dar satisfações a ninguém.Parece q vivemos numa ditadura "democrática". Somos parte do "neo-coronelismo" vade retro!

Fernando Cabral desmente... disse...

Isto mostra que os cambalacheiros, embora velhos no golpe, ainda são amadores. Tecnicamente, trata-se de uma empresa incompetente e desqualificada. Mas, politicamente, é uma empresa capaz de penetrar em muitos governos.

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