Notas de professores e estudantes em testes foram comparadas em pesquisa da UFMG. A cada 10 pontos a mais no conceito do docente, seus alunos aumentaram nota em um ponto
Priscilla Borges- iG Brasília | 30/03/2013 06:00:51
Medir o impacto do conhecimento do professor para o desempenho
escolar do aluno pode soar, à primeira vista, uma tarefa difícil e sem
sentido. Difícil porque os instrumentos para avaliar o quanto um docente
conhece a disciplina que leciona são raros e, sem sentido porque, em
tese, só ensina determinado assunto quem o conhece.
A pesquisadora Raquel Rangel Guimarães, que é estudante do doutorado em Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), porém, percebeu que esse era um fator importante para avaliar o aprendizado dos estudantes brasileiros e encontrou uma maneira de demonstrar isso.
Leia também:Qualificação do professor é o que mais influencia desempenho do aluno
Durante mestrado realizado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, Raquel avaliou quais eram os fatores que, no Brasil, mais contribuíam para o bom desempenho escolar das crianças, medido por avaliações em grande escala. A qualificação do professor apareceu como determinante. O desafio seguinte foi verificar o tamanho desse impacto.
Raquel considerou, na pesquisa, as notas de estudantes da 4ª série do ensino fundamental e seus professores em provas de Matemática do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Na amostra, foram avaliados os dados de seis Estados brasileiros - os que tinham pior desempenho e fizeram parte do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) entre 1999 e 2003. São eles: Rondônia, Pará, Pernambuco, Sergipe, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Os resultados mostram que cada 10 pontos a mais tirados por um professor no teste representam um aumento de, pelo menos, um ponto na nota dos alunos. Os estudantes foram avaliados em uma escala de 0 a 100. Docentes e alunos prestaram as mesmas provas.
Formação:Professores não são preparados para ensinar
"Temos um efeito razoável e estatisticamente significante, que aponta a necessidade de investimento em políticas para a melhoria do conhecimento do professor do conteúdo que ministra", ressalta Raquel. Segundo ela, o efeito é duas vezes maior do que o observado em escolas públicas da Carolina do Norte, mostrado em um estudo de Charles Clotfelter, Helen Ladd e Jacob Vigdor, usado pelos pesquisadores para fazer comparações com o Brasil.
Dados escassos
As análises estatísticas feitas por Raquel e um grupo de colegas estrangeiros – Asha Sitaram e Shimpei Taguchi, de Stanford; Lucia Jardon, da Universidade de Zurique, e Lenora Robinson, da Harlem Village Academies – serão tema de palestra em um congresso da Population Association of America, em New Orleans, nos Estados Unidos, no dia 11.
Adversidade:Pesquisador afirma que estrutura das escolas adoece professores
"Infelizmente, os professores só participaram da avaliação em 1999. Seria fantástico se tivessem aplicado ao longo do tempo. É super difícil definir a qualidade do professor, o quanto ele sabe. O mais próximo que temos para definir um professor de boa qualidade é o conhecimento que ele tem da disciplina e o quanto ele sabe transmitir, que ainda não consegui estudar", afirma Raquel.
Segundo ela, os estudos na área ainda são escassos e deveriam ser mais explorados, porque podem direcionar políticas públicas. "Existe um potencial muito grande para investimento na qualificação do professor. Muitas vezes, parece óbvio mas o que percebemos é que há professores que não conhecem a disciplina que lecionam. É preciso melhorar a capacitação do educador", diz.
A pesquisadora Raquel Rangel Guimarães, que é estudante do doutorado em Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), porém, percebeu que esse era um fator importante para avaliar o aprendizado dos estudantes brasileiros e encontrou uma maneira de demonstrar isso.
Leia também:Qualificação do professor é o que mais influencia desempenho do aluno
Durante mestrado realizado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, Raquel avaliou quais eram os fatores que, no Brasil, mais contribuíam para o bom desempenho escolar das crianças, medido por avaliações em grande escala. A qualificação do professor apareceu como determinante. O desafio seguinte foi verificar o tamanho desse impacto.
Raquel considerou, na pesquisa, as notas de estudantes da 4ª série do ensino fundamental e seus professores em provas de Matemática do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Na amostra, foram avaliados os dados de seis Estados brasileiros - os que tinham pior desempenho e fizeram parte do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) entre 1999 e 2003. São eles: Rondônia, Pará, Pernambuco, Sergipe, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Os resultados mostram que cada 10 pontos a mais tirados por um professor no teste representam um aumento de, pelo menos, um ponto na nota dos alunos. Os estudantes foram avaliados em uma escala de 0 a 100. Docentes e alunos prestaram as mesmas provas.
Formação:Professores não são preparados para ensinar
"Temos um efeito razoável e estatisticamente significante, que aponta a necessidade de investimento em políticas para a melhoria do conhecimento do professor do conteúdo que ministra", ressalta Raquel. Segundo ela, o efeito é duas vezes maior do que o observado em escolas públicas da Carolina do Norte, mostrado em um estudo de Charles Clotfelter, Helen Ladd e Jacob Vigdor, usado pelos pesquisadores para fazer comparações com o Brasil.
Dados escassos
As análises estatísticas feitas por Raquel e um grupo de colegas estrangeiros – Asha Sitaram e Shimpei Taguchi, de Stanford; Lucia Jardon, da Universidade de Zurique, e Lenora Robinson, da Harlem Village Academies – serão tema de palestra em um congresso da Population Association of America, em New Orleans, nos Estados Unidos, no dia 11.
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"Infelizmente, os professores só participaram da avaliação em 1999. Seria fantástico se tivessem aplicado ao longo do tempo. É super difícil definir a qualidade do professor, o quanto ele sabe. O mais próximo que temos para definir um professor de boa qualidade é o conhecimento que ele tem da disciplina e o quanto ele sabe transmitir, que ainda não consegui estudar", afirma Raquel.
Segundo ela, os estudos na área ainda são escassos e deveriam ser mais explorados, porque podem direcionar políticas públicas. "Existe um potencial muito grande para investimento na qualificação do professor. Muitas vezes, parece óbvio mas o que percebemos é que há professores que não conhecem a disciplina que lecionam. É preciso melhorar a capacitação do educador", diz.
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