(Esta matéria aqui reproduzida foi publicada no Estado de Minas de 7/6/2009: http://www.uai.com.br/UAI/
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SOLIDARIEDADE
Amor além das fronteiras
Médico mineiro viaja o mundo assistindo a população de áreas atingidas por guerras, catástrofes e epidemias. Exposição mostra como esses gestos podem melhorar o mundo
Flávia Ayer O pediatra mineiro Sérgio Cabral, de 42 anos, de Bom Despacho, está longe de querer ser exemplo e nem se vangloria dos próprios feitos. Ele simplesmente age, com amor. Transformou a palavra humanidade em missão e, há dois anos, distante da família, dos amigos e do conforto, ignora fronteiras e roda o mundo salvando vidas e levando esperança para populações esquecidas pelo restante dos homens.
Vestido com a camisa da entidade Médicos Sem Fronteiras (MSF), organização humanitária internacional que presta cuidados de saúde a vítimas de catástrofes, epidemias e exclusão social em mais de 60 países, participou de ações na África, Ásia e América Latina, de combate ao sarampo, à Aids, à desnutrição e, principalmente, ao descaso. O envolvimento com o trabalho lhe rendeu este ano o título de embaixador pediatra da MSF e, com isso, o papel de visitar comunidades no mundo inteiro para identificar problemas e necessidades em saúde, além de elaborar propostas para acabar com esses problemas.
Hoje ele está em Quibdó, na Colômbia, e em duas semanas estará em Serra Leoa, na África. O sustento vem de uma bolsa paga pela organização mundial. “Nunca me senti tão feliz, me entregar para um mundo melhor é um trabalho que vale a pena. Sempre sinto que as pessoas é que estão me ajudando. Sou eu quem está tirando mais proveito de tudo. Recebo muito mais do que dou”, afirma. Quem quiser conhecer trabalhos como o do médico sem fronteiras Sérgio Cabral, basta visitar a exposição interativa Médicos Sem Fronteiras no mundo, no Mercado Central, em Belo Horizonte.
VOCAÇÃO A decisão de Sérgio em se dedicar a trabalhos humanitários não foi repentina, mas remonta aos tempos em que estudava medicina, na Universidade de Camaguey, em Cuba. De volta ao Brasil, especializou-se em cardiologia infantil, fez mestrado em psicopedagogia, na capital mineira, e logo depois voltou para Bom Despacho, no Centro-Oeste do estado, a 141 quilômetros de Belo Horizonte, pois queria atuar em locais mais necessitados. Lá, dividia-se entre o consultório e o atendimento no Serviço Único de Saúde (SUS). E foi assim por 13 anos. “Aí, decidi que não iria esperar mais. Sempre defendi muito o serviço público e achei que era incoerente trabalhar no consultório. Foi muito difícil fechá-lo, pela questão econômica e pelo vínculo com as crianças, mas comecei a atender só pelo SUS.”
O ingresso na MSF ocorreu somente em 2007, quando foi aberto um escritório da entidade no Brasil. Seis anos antes, Sérgio já havia enviado currículo e carta de intenção para a organização, sem sucesso. Quando recebeu a ligação da entidade, dando as boas-vindas ao médico, ele não teve dúvidas de que era esse o caminho a seguir. Pouco tempo depois de passar pelo recrutamento, já estava de malas prontas rumo ao Sudão, na África. Em seguida, para o Quênia, para o Camboja, na Ásia, para o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e para onde mais lhe dissessem que alguém grita por socorro.
Sua primeira missão, em 2007, foi vacinar crianças contra o sarampo, percorrendo vilas dispersas no território sudanês. “Quando cheguei, uma outra médica tinha colocado uma criança que estava com malária cerebral na minha cabana. Resultado: passei a noite em claro, cuidando da menina”, lembra. Depois, viajou para o Quênia, ao encontro de uma equipe da MSF, e, em uma semana, Sérgio foi convocado para uma nova tarefa no Sudão. Desta vez, esteve numa região de conflitos, que hoje está completamente destruída pela guerra. “Alguém tem que fazer o serviço”, responde, ao ser perguntado sobre o medo.
De volta ao Brasil, foi a hora de Sérgio encarar a outra face do país, subindo ladeiras que afastam médicos e profissionais da saúde. O pediatra participou da equipe de atendimento no Complexo do Alemão, uma das áreas mais violentas do Rio de Janeiro. “Tive uma experiência muito importante no meu próprio país. Descobri que o Brasil tem a África pobre.” Ano passado, o médico foi convocado para nova missão longe da terra natal, no Camboja, na Ásia, onde cuidou de crianças com o vírus da Aids.
EXPOSIÇÃO
Médicos Sem Fronteiras no mundo
Até dia 28, no Mercado Central (Av. Augusto de Lima, Centro, BH) De quarta-feira a sábado, das 9h às 18h, e domingo, das 9h às 13h.
Mais informações: www.msf.org.br
Um comentário:
Bacana, sempre acompanho o Sérgio pelos jornais!
Parabéns para ele!
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