A Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE), em atitude visivelmente retaliatória, pede que o CNJ fiscalize a Ordem dos Advogados do Brasil.
Nenhuma fiscalização é demais. Como autarquia, a OAB deveria mesmo ser fiscalizada pelo TCU. Como órgão necessário à administração da justiça, poderia mesmo ser fiscalizada pelo CNJ. Até aí, nenhum problema.
O ridículo, porém, é o tom infantil e vingativo da nota da AJUFE. É como a birra da criança que, ameaçada de castigo, aponta o dedo para o irmão e pede que ele também seja castigado.
Isso fica claro pelo momento político e contexto social em que a AJUFE faz o seu pedido, quando alega suposta "imensa quantidade de queixas por apropriações
indébitas praticadas por advogados contra os cidadãos comuns". Até porque essa é uma ofensa que qualquer suposto prejudicado pode facilmente resolver... na própria justiça.
Que venha a fiscalização da OAB pelo TCU e – se necessário – pelo CNJ. Mas não como vendeta [da minoria] de juízes que não querem ser fiscalizados.
Segue a nota infanto-juvenil da AJUFE (ou leia na página da Associação clicando aqui):
Com relação à notícia de que o presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil, Ophir Cavalcante, pretende realizar ato em defesa das
atribuições do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Associação dos
Juízes Federais do Brasil (AJUFE), vem a público informar à população
que o papel do CNJ é fundamental no aperfeiçoamento do Estado
Democrático de Direito, com vistas a conferir maior eficiência ao Poder
Judiciário e na apuração de eventuais irregularidades.
Tal
missão, por outro lado, deve ser desempenhada dentro dos estritos
limites legais e constitucionais, mas sempre visando a absoluta
transparência institucional.
Nessa linha, sendo a OAB, autarquia imprescindível à administração da justiça, nos termos do art. 133 da Constituição
da República, é imperativo que igualmente aquela instituição esteja
sujeita à fiscalização pelo CNJ, inclusive sob o aspecto disciplinar.
Entende, pois, a AJUFE, que ante o caráter público da OAB, os recursos
por ela administrados e a atuação dos seus membros mereceria total
atenção do Conselho Nacional da Justiça.
Isso evitaria, sem
sombra de dúvida, a imensa quantidade de queixas por apropriações
indébitas praticadas por advogados contra os cidadãos comuns, permitindo
ao CNJ punir os maus advogados, honrando, assim, a imensa maioria dos
causídicos honestos e que tanto lutam pelo aperfeiçoamento da democracia
brasileira, mas que têm a consciência de que a intimidação de juízes e
familiares por meios ilegais em nada contribui para esse objetivo.
Fabrício Fernandes de Castro
Presidente Interino da Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE)
3 comentários:
Concordo plenamente com o artigo. Birra para fugir do foco ! Ajufe é corporativista !
Indispensáveis à administração da Justiça são os advogados e não a OAB, que também não é autarquia.
Mas como instituição que luta pela manutenção de nosso Estado como sendo democrático e de direito, deve mesmo ser fiscalizada por terceiros nos termos da legislação, isto é, não pelo CNJ.
Atribuir tarefas ao CNJ que não são dele é tentar fazer com que ele não cumpra o seu real e principal papel: fiscalizar o funcionamento do judiciário.
Mas vamos tentar crer que foi mesmo só birrinha...
Por isto o país caminha para a decadência, olha o exemplo de quem deve dar exemplo. JUÍZES, PROMOTORES, POLICIAIS, as penas deveriam ser em dobro.
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