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domingo, 6 de maio de 2012

A maior lua do ano, vista da minha janela

Ontem, da minha janela, vi esta lua aí do lado. A maior lua do ano. No seu perigeu, luminosa e gloriosa, nem ligava para nossas agruras aqui na terra. Para ela, nossas preocupações, grandes ou pequenas; justificadas ou injustificadas, não são nada.

Nas seu brilho não era o brilho de aluguel de que falava o poeta-cantor. Seu brilho era autêntico. O mesmo brilho do sol que nos dá luz, calor e vida. O mesmo brilho do sol que todas as manhãs renasce para todos e faz rebrotar as esperanças.

Guardei seu brilho na memória. Registrei na fotografia.

Amanhã a lua ainda estará lá. Mas eu nunca mais a verei com os mesmos olhos, com a mesma emoção, com a mesma vontade de vê-la grande, bela e reluzente.

Enquanto isso, em Phoenix, um corredor avança tranquilo e célere pisando na própria sombra que a lua faz. E eu me lembro da amada do compositor que pisava nos astros distraída em canção imorredoura:

                                        A porta do barraco era sem trinco
                                        E a lua, furando o nosso zinco
                                        Salpicava de estrelas o nosso chão...
                                        E tu
                                        Tu pisavas nos astros distraída
                                        Sem saber que a ventura desta vida,
                                        É a cabrocha,o luar e o violão...


E no deserto – ah, o deserto! Quatro semanas atrás, a mesma lua iluminava a noite de véspera de afoitos corredores. Corredores que, nos seus agasalhos  brancos, mais pareciam fantasmas enfeitiçados. E naquelas areias geladas da noite,  quem não se deixaria enfeitiçar por ela?

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