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sexta-feira, 6 de julho de 2012

O efeito Patrus

José de Castro (*)

É animadora a notícia de que Patrus Ananias será novamente candidato a prefeito de Belo Horizonte pelo PT. O eleitor não se verá diante do rolo compressor construído pelos caciques dos partidos mineiros para garantir a reeleição de Marcio Lacerda, pois se cria uma alternativa viável ao atual prefeito. Além disso, a candidatura de Patrus é um alento aos que se revelam desiludidos com o processo eleitoral e com a qualidade ética de nossos políticos. 

Advogado, servidor da Assembleia Legislativo e professor da PUC Minas, Patrus se filiou ao PT em 1981, um ano após a fundação do Partido dos Trabalhadores, que ainda não havia ganhado eleições e se apresentava como uma esperança de renovação, no momento em que a ditadura começava sua lenta agonia. Mas Patrus só ingressou de fato na política em 1989, como vereador de Belo Horizonte, elegendo-se prefeito em 1992, quando venceu Aécio Neves, e deputado federal dez anos depois. Em 2004, licenciou-se para exercer o cargo de Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

O PT de Patrus se coligou em 1992 com PSB, PCdoB e PV, enquanto o PSDB de Aécio teve como aliados PDT, PSC, PPS e PTdoB. O candidato petista ficou em primeiro lugar no primeiro turno, com quase o triplo de votos de Aécio, que não conseguiu ir para o segundo turno. Aliados agora com o PSB de Lacerda, os tucanos querem ir à forra contra Patrus e nivelar o terreno para a candidatura presidencial de Aécio Neves em 2014. Mas esse movimento não passa despercebido a Lula e a Dilma Rousseff, que devem arregaçar as mangas pela vitória petista em Belo Horizonte. 

Tudo isso torna muito interessante o próximo pleito municipal. Se o PT vencer o antigo aliado PSB, estará golpeando o instituto da reeleição, em má hora obtido por Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, em 1997. Desde então, um prefeito eleito escolhe como prioridade máxima do mandato a sua reeleição e não os verdadeiros interesses do município. É assim que cometem absurdos, como o exposto em manchete do Hoje em Dia, há seis meses: “Prefeitura tem R$ 1 bilhão em caixa e obras paradas”. Paradas à espera do ano eleitoral, para dar mais visibilidade ao prefeito candidato. 

 Se vencer o rolo compressor que estava sendo montado por caciques de partidos mineiros, o candidato petista demonstrará que ainda vale a pena ser um político honesto neste país. Em todos os cargos que exerceu, Patrus nunca foi denunciado como um político corrupto.
 
(*) Jornalista. Artigo publicado no Jornal Hoje em Dia - 6/7/2012 - pág. 4

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