José de Castro (*)
É
animadora a notícia de que Patrus Ananias será novamente candidato a prefeito
de Belo Horizonte pelo PT. O eleitor não se verá diante do rolo compressor
construído pelos caciques dos partidos mineiros para garantir a reeleição de
Marcio Lacerda, pois se cria uma alternativa viável ao atual prefeito. Além
disso, a candidatura de Patrus é um alento aos que se revelam desiludidos com o
processo eleitoral e com a qualidade ética de nossos políticos.
Advogado, servidor da
Assembleia Legislativo e professor da PUC Minas, Patrus se filiou ao PT em
1981, um ano após a fundação do Partido dos Trabalhadores, que ainda não havia
ganhado eleições e se apresentava como uma esperança de renovação, no momento
em que a ditadura começava sua lenta agonia. Mas Patrus só ingressou de fato na
política em 1989, como vereador de Belo Horizonte, elegendo-se prefeito em 1992,
quando venceu Aécio Neves, e deputado federal dez anos depois. Em 2004,
licenciou-se para
exercer o cargo de Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
O PT de Patrus se coligou
em 1992 com PSB, PCdoB e PV, enquanto o PSDB de Aécio teve como aliados PDT,
PSC, PPS e PTdoB. O candidato petista ficou em primeiro lugar no primeiro
turno, com quase o triplo de votos de Aécio, que não conseguiu ir para o
segundo turno. Aliados agora com o PSB de Lacerda, os tucanos querem ir à forra
contra Patrus e nivelar o terreno para a candidatura presidencial de Aécio
Neves em 2014. Mas esse movimento não passa despercebido a Lula e a Dilma
Rousseff, que devem arregaçar as mangas pela vitória petista em Belo Horizonte.
Tudo isso torna muito
interessante o próximo pleito municipal. Se o PT vencer o antigo aliado PSB,
estará golpeando o instituto da reeleição, em má hora obtido por Fernando
Henrique Cardoso, do PSDB, em 1997. Desde então, um prefeito eleito escolhe
como prioridade máxima do mandato a sua reeleição e não os verdadeiros
interesses do município. É assim que cometem absurdos, como o exposto em
manchete do Hoje em Dia, há seis meses: “Prefeitura tem R$ 1 bilhão em caixa e
obras paradas”. Paradas à espera do ano eleitoral, para dar mais visibilidade
ao prefeito candidato.
Se vencer o rolo compressor que estava sendo
montado por caciques de partidos mineiros, o candidato petista demonstrará que
ainda vale a pena ser um político honesto neste país. Em todos os cargos que
exerceu, Patrus nunca foi denunciado como um político corrupto.
(*) Jornalista. Artigo publicado no Jornal Hoje em Dia - 6/7/2012 - pág. 4
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