João
Fidélis de Campos Filho (*)
O trabalho
dos repórteres e narradores brasileiros durante as olimpíadas pode ser até
constrangedor ou desestimulante ao repercutir os maus resultados dos atletas de
nosso país, mas, ao mesmo tempo, nada pode soar mais educativo do que mostrar
as deficiências e dificuldades do Brasil na área esportiva. Muitos dirão a
velha máxima que “vale mais competir do que vencer”, ou que “o importante é
união entre os povos”, contudo desde muitas olimpíadas atrás o Brasil vem tendo
uma participação decepcionante, pífia, e é preciso enfrentar com seriedade este
problema.
Para um país
de dimensão continental e com 200 milhões de habitantes, que deveria ter uma
participação nas olimpíadas bem mais incisiva, fica patente que o investimento em
esporte segue o mesmo parâmetro que o da educação, ou seja, é relegado a
segundo plano, e segue a tradição cultural brasileira de empurrar para debaixo
do tapete seus problemas crônicos.
Em 2008, nas
Olimpíadas de Pequim, o Brasil ficou no vigésimo terceiro lugar do ranking dos países
participantes, com um total de 15 medalhas (três de ouro, quatro de prata e
oito de bronze). Mesmo que consiga melhorar esta performance nos atuais jogos é
necessário pensar que em 2016 as olimpíadas serão em nosso país e precisamos como
anfitriões melhorar muito estes resultados.
Já há muito
tempo fala-se que o principal problema do Brasil está na falta de formação de
atletas nas escolas. Das mais de 50 modalidades disputadas nas olimpíadas nosso
país ensina e pratica em nossas escolas apenas algumas poucas. As restantes são
bancadas por clubes e instituições particulares. Dessa forma fica difícil
surgirem talentos capazes de disputarem com países como a China, Estados Unidos
e Reino Unido.
Há também
uma evidente deficiência em nossas universidades no estímulo ao esporte, ao
contrário de outros países onde o atleta que se destaca em algum esporte recebe
bolsa de estudos e incentivos. No Brasil o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) só
investe em atletas de ponta. Os outros atletas tem que lutar por patrocínio de
empresas e clubes para treinar e manterem-se aptos para competir.
Por outro
lado é importante que a população brasileira valorize e apoie outros esportes.
Não podemos pensar só em futebol. É importante ajudar o crescimento de outros
esportes indo a outras competições.
Dizem que o
Barão Pierre de Coubertin ao criar os jogos olímpicos não tinha como objetivo uma
disputa entre nações pela primazia de alguns esportes, mas sim estimular,
através da competição, o esporte como algo saudável e essencial ao ser humano. Ele
pensava que as medalhas tinham uma função secundária.No entanto, no fundo, elas
refletem de certa maneira o que um pais tem feito pelo esporte e já está na
hora do Brasil torna-lo uma de suas principais prioridades.
(*) João Fidélis de Campos Filho Cirurgião-Dentista bom-despachense, mas radicado em São Paulo.Vez por outra esse blog pública alguns dos textos que costuma escrever sobre assuntos variados.
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