04/03/2012 23h34
- Atualizado em
04/03/2012 23h46
Ministério Público investiga uso de verbas públicas por prefeitos
Prefeitos teriam reformado casa e construído pista de pouso para amigos.
Segundo economista, 33% dos municípios apresentam irregularidades.
Prefeitos teriam reformado casa e construído pista de pouso para amigos.
Segundo economista, 33% dos municípios apresentam irregularidades.
O Ministério Público investiga prefeitos de quatro estados do país que teriam desviado dinheiro público. São casos que poderiam ser vistos como simples folclore, se não fossem tão graves.
As irregularidades dos prefeitos foram analisadas pelo economista
Marcos Fernandes, da Fundação Getúlio Vargas, a partir de dados da
Controladoria-Geral da União. “Em média, 33% dos municípios,
independentemente da região ou estado, apresentam algum tipo de
irregularidade no uso das verbas”, aponta o especialista.
Entre os exemplos está o de um prefeito teria construído uma pista de
aviões em uma propriedade particular usando dinheiro público. Dois
promotores de Justiça filmaram tudo e ficam indignados. “Cidadão
precisando de recurso para necessidade básica. Isso aqui é um absurdo”,
comenta um deles.
O flagrante, de setembro passado, é em uma fazenda de Torixoréu, em
Mato Grosso, que tem quatro mil habitantes e uma renda familiar média de
R$ 513 por mês.
Na propriedade particular, observamos dois caminhões da prefeitura. No
local, os funcionários do município constroem uma pista para aviões. São
1,3 mil metros, segundo o Ministério Público. É quase o mesmo
comprimento da pista principal do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, um
dos mais importantes do país. “A prefeitura fazendo aeroporto para um
fazendeiro. Não existe esse negócio de você fazer serviço para
particular”, declara o promotor.
As máquinas foram emprestadas pelo governo do estado com uma
finalidade: manutenção de estradas. E o prefeito não poderia ceder o
equipamento a terceiros. “Ele usou do bem público para fins
particulares, o que é terminantemente vedado pela lei”, afirma o
promotor de justiça Mauro Poderoso.
Nem o fazendeiro Valmir Pereira, nem o prefeito Maximo Rodrigues dos
Santos, conhecido como Maximo Barriga, quiseram gravar entrevista. O
prefeito disse, em nota, que "houve uma parceria". O município
construiria a pista de pouso, e o fazendeiro, que também é empresário,
recuperaria estradas e máquinas da prefeitura.
Suspeita de compra de gado Carmolândia, no
Tocantins, tem 2,3 mil habitantes. Ano passado, o prefeito afastado João
Holanda Leite, conhecido como Bogó, ficou um mês preso e, agora,
aguarda o julgamento em liberdade, mas fora do cargo. Segundo a
Procuradoria-Geral de Justiça, o político usou o dinheiro da prefeitura
até para comprar gado para a fazenda dele.
"A gente faz as coisas tentando acertar. Não é que a gente erra porque
quer errar", afirmou Leite. "Eu não desviei dinheiro. Tenho a
consciência limpa que eu não fiz isso."
“Ele desviou R$ 1,086 milhão do município que recebe apenas R$ 3
milhões por ano do Fundo de Participação dos Municípios”, aponta Clenan
Renaut de Melo Pereira, procurador-geral de Justiça do Tocantins.
Em cidades pequenas como Carmolândia, o caixa da prefeitura é mantido,
principalmente, com dinheiro do Fundo de Participação dos Municípios,
que é repassado pelo Governo Federal.
Dos 139 municípios do Tocantins, 79, mais da metade, têm prefeitos
investigados ou já processados pela Justiça. E foi nesse estado que o
Fantástico encontrou uma denúncia bem pitoresca, envolvendo dinheiro dos
cidadãos.
Obra na casa de amigaNo dia 15 de julho de 2009,
uma quarta-feira pela manhã, o então promotor da cidade de Colméia,
Airton Amílcar, estava procurando uma casa para alugar. Parou em frente a
uma que estava em obras. O pedreiro, sem saber que estava conversando
com um promotor, acabou contando que estava a serviço do prefeito de
Itaporã, cidade que fica a cerca de 30 quilômetros de Colméia, para
fazer uma reforma na casa de uma amiga do prefeito.
A Procuradoria-Geral de Justiça diz que havia intimidade entre o
prefeito e essa amiga e denunciou os dois à Justiça por uso indevido de
serviço público.
A amiga teria mudado de cidade e não foi localizada. O prefeito Jonas
Carrilho Rosa, que administra uma cidade de 2,4 mil habitantes, disse
que foi só um favor que o pedreiro fez, fora do horário de trabalho.
"No dia que ele estava trabalhando para mim, não era um dia que ele estava trabalhando para a prefeitura", afirmou Rosa.
As denúncias atingem também cidades maiores, como Poá, na Grande São
Paulo, com 106 mil habitantes. No local, o problema não foi a reforma de
uma casa só. O Ministério Público acusa Francisco Pereira de Souza, o
prefeito Testinha, de usar dinheiro público para deixar boa parte da
cidade com a cor da campanha eleitoral dele: laranja. São uniformes
escolares, secretarias. Nem o cemitério escapou.
A cidade está sendo repintada, como, por exemplo, a entrada de um
centro esportivo, mas, em alguns pontos, dá para perceber que o serviço
não terminou ou simplesmente mal começou, como em um portão em que ainda
predomina a cor preferida do prefeito.
A Justiça de Poá determinou a cassação de Testinha e a devolução do
dinheiro gasto com a tinta. “Eles se esquecem que o bem que está ali é
público”, afirma a promotora de Justiça Karina Scutti Santos.
A prefeitura de Poá disse que já recorreu e aguarda as decisões. E que
os equipamentos públicos, entre eles, o cemitério, foram repintados com
dinheiro do prefeito.
Compra de combustívelOutro caso, que até parece
folclore, está na Bahia. Em Luís Eduardo Magalhães, 60 mil habitantes,
uma matemática que não fecha foi denunciada à Justiça do estado em 2005 e
aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Na época, a prefeitura, que administrava o município de 23 mil
habitantes, fechou contrato para pagar 15 mil litros de gasolina e 20
mil litros de óleo diesel em apenas um mês. Um gasto considerado
espantoso pelo Ministério Público da Bahia que fez as contas. Com tanto
combustível, dizem promotores, os carros da prefeitura conseguiriam
rodar cerca de 360 mil quilômetros. Essa distância equivale a quase nove
voltas ao redor do planeta ou uma ida à lua.
O prefeito, na época, era Oziel Oliveira que, hoje, é deputado federal.
Ao longo de duas semanas de tentativas, ele não nos atendeu. Em nota,
Oziel atribuiu as denúncias a adversários políticos. Disse que as
despesas da prefeitura foram aprovadas pelo Tribunal de Contas e que as
providências legais para comprovar que não houve dano ao patrimônio
público já estão sendo tomadas.
A Controladoria-Geral da União diz que os mecanismos de fiscalização
estão sendo reforçados. “Lugar de gestor corrupto é na cadeia”, afirma o
ministro-chefe da CGU, Jorge Hage.
Para o ministro-chefe da controladoria, a lentidão da Justiça corre a
favor dos suspeitos. “Um bom escritório de advocacia não deixa o
processo chegar ao fim em menos de 10 ou 20 anos, e os corruptos são os
que podem pagar os melhores escritórios de advocacia”, declara Hage.
A procuradora Janeci Ascari faz parte de um grupo do Ministério Público
Federal que apura desvio de verbas federais em prefeituras. Ela diz que
há muito trabalho a ser feito: “O Ministério Público já ofereceu mais
de 90 denúncias, e temos mais de 200 investigações ainda em andamento.
Há um descaso generalizado com a coisa pública, com o dinheiro público”.
“Esse dinheiro saiu do meu bolso, do bolso do meu filho, do vizinho e
do outro. Então, esse dinheiro é nosso. Quem pegou, tem que devolver”,
declara a comerciante Maria do Socorro.
3 comentários:
Isso não é nada perto do que o prefeito daqui faz ou seja deixa de fazer!!!!!!!!!!!!!!!!
Isso não é nada perto do que o prefeito daqui faz Fernando Cabral deve enviar pro Fantástico as MAZELAS do nosso prefeito aposto que ia ter assunto pro fantástico do ano inteiro
Isso não é nada perto do que o prefeito daqui faz Fernando Cabral deve enviar pro Fantástico as MAZELAS do nosso prefeito aposto que ia ter assunto pro fantástico do ano inteiro
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